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Por Thiago Ramaciotti


União Europeia busca aumentar a produção de algas marinhas para fins que vão além do alimentar — Foto: Oleksandr Sushko / Unsplash
União Europeia busca aumentar a produção de algas marinhas para fins que vão além do alimentar — Foto: Oleksandr Sushko / Unsplash

O uso engenhoso de materiais e técnicas pode nos permitir realizar feitos antes inimagináveis, como fazendas flutuantes (ou 'fazendas do mar'), que ficam ancoradas em praias e portos. Uma startup da Índia, chamada Sea6 Energy, planeja inovar tudo isso com macroalgas, também conhecidas como algas marinhas, que são atualmente cultivadas em cordas ou redes suspensas no oceano.

Atualmente, as algas marinhas são bastante usadas para dar sabor a sopas ou no preparo de sushis, por exemplo. Porém, a empresa quer explorar o potencial do ingrediente e usá-lo em um grande leque de produtos, como cosméticos, têxteis e até mesmo embalagens biodegradáveis e biocombustíveis.

Atualmente não existe maneira de colher as algas marinhas em larga escala. Como Shrikumar Suryanarayan, cofundador e CEO da Sea6 Energy, disse à CNN Business em janeiro, as fazendas do mar estão bastante atrasadas no tempo. Para evoluir esse processo, a empresa planeja mecanizar a agricultura oceânica. A importância disso, na prática, seria a mesma que tratores foram para a agricultura.

Para tanto, a startup bota em prática uma criação própria, chamada 'sea combine' (ou 'colheitadeira marinha'). E o que é isso? Bom, é um catamarã automatizado que simultaneamente colhe e replanta algas marinhas no oceano.

A máquina não está na versão final: atualmente um protótipo foi implantado na fazenda de algas marinhas da empresa na costa da Indonésia.

No país da Ásia, o cultivo de algas marinhas é feito amarrando pedaços delas a cordas e transportando esses cabos para o mar. Além da Indonésia, Sea6 Energy também quer atuar com o 'sea combine' na Índia, país-sede da empresa.

Virginijus Sinkevičius, comissário da União Europeia para o meio ambiente, disse em discurso em 2019 que "as algas são o ouro do oceano". Além de seus usos mais óbvios, a planta tem ingredientes usados em alimentos processados e pode oferecer soluções para o crescente mercado de novos materiais e combustíveis. A Europa, por sinal, tem planos de produzir 8 milhões de toneladas métricas de algas até 2030 - hoje, essa produção é da ordem de 3 mil toneladas métricas. Crescimento que preocupa alguns especialistas em conservação ambiental.

De acordo com pesquisa elaborada pela Fortune Business Insights, mesmo com o crescimento da indústria global de algas marinhas (ela dobrou entre 2005 e 2015), com produção de 33 milhões de toneladas métricas em 2018, a produção de mão-de-obra intensiva, que aumenta os custos, deve impedir o crescimento do mercado.

Segundo Suryanarayan, o preço das algas restringe o potencial delas. Com a tecnologia, sua startup planeja reduzir os custos, para que elas sejam amplamente utilizadas em outros produtos e segmentos além dos alimentos.

Para o executivo, o sea combine é “uma ferramenta” na operação mais ampla da Sea6 Energy. Vale lembrar como a empresa arrecadou US$ 20 milhões em financiamento. A startup usa as macroalgas colhidas pela máquina para fabricar ração animal e fertilizantes agrícolas em pequena escala - e isso pode ser o início de um grande futuro.

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