Com d�lar alto, produtores de caf� 'gourmet' comemoram exporta��es
Em S�o Sebasti�o da Grama, no interior de S�o Paulo, o ditado � exato: a grama est� mesmo crescendo mais verde. Em um ano de turbul�ncia econ�mica no pa�s, a pequena cidade a 250 km da capital paulista vai muito bem, obrigada.
Historicamente ligada � produ��o de caf� para exporta��o os cafeicultores da regi�o colhem os benef�cios da alta do d�lar e vivem um momento de otimismo que contrasta com os atuais n�meros negativos da economia nacional.
"O volume de exporta��es de gr�os neste ano aumentou cerca de 30% em rela��o a 2014", afirma Paulo Henrique Baptistella, dono de uma exportadora de Grama, como � carinhosamente apelidada a cidade.
No Brasil, a exporta��o de caf� na safra 2014/2015 registrou um recorde hist�rico: foram 36 milh�es de sacas vendidas, um aumento de 7% em compara��o ao mesmo per�odo do ano anterior.
Localizada no Vale da Grama, na divisa de S�o Paulo com Minas Gerais, a regi�o tem alguns diferenciais. Terras acima de mil metros de altitude, temperatura amena –em torno dos 20� C a maior parte do ano–, e solos ricos em micronutrientes favorecem o plantio de caf�s especiais, como o �rabico e o "fine cup", considerados "gourmet".
Por causa disso, marcas produzidas na cidade j� receberam diversos pr�mios nacionais e internacionais de qualidade e t�m a maior nota do Brasil pelo Programa de Qualidade do Caf�.
� a qualidade que chama a aten��o de compradores em outros pa�ses, pois com o gr�o "gourmet" � poss�vel melhorar o sabor de caf�s menos nobres. "� um privil�gio comprar o caf� daqui porque h� 'blend' [composi��o de v�rios caf�s para elevar a qualidade] para todos os pa�ses", afirma Baptistella.
A alta do d�lar, para o exportador, � bem-vinda. "Tem a preocupa��o com a economia e pol�tica do pa�s, mas certamente estamos em um bom momento", diz.
O empres�rio, assim como a maioria dos moradores de Grama, sempre trabalhou com caf�. Ele come�ou na torrefa��o de gr�os do seu pai em 1996, com o tempo, comprou uma fazenda e, em 2006, come�ou a trabalhar exclusivamente com exporta��o. Ele espera aumentar o faturamento em 20% neste ano.
Herdeiro de uma fam�lia que trabalha com caf� h� mais de um s�culo, o empres�rio Augusto Carvalho Dias Carneiro tamb�m comemora.
Ele vive h� 20 anos nos Estados Unidos, onde montou uma firma de importa��o para levar o caf� da fam�lia. "Nesse momento em que o d�lar est� alto, eu acho � bom para os dois lados, porque o pre�o fica mais justo", afirma.
Alguns plantadores chamam a aten��o para o fato de que, em consequ�ncia da alta da moeda americana, insumos e adubos –que s�o adquiridos em d�lar– tamb�m sobem e provocam aumento dos custos de produ��o.
Ainda assim, para Bapstitella, "h� um pouco de 'choror�' nessas reclama��es". "A m�o de obra � cotada em reais, assim como uma s�rie de outras vari�veis. N�o � tempo de reclamar".
Em 2015, segundo dados do Conselho de Exportadores de Caf� (Cecafe), a evolu��o da exporta��o de caf�s especiais teve 10,5% de aumento em rela��o ao mesmo per�odo de 2014. "Estamos prevendo uma safra boa para 2016.
N�o temos muito estoque, est� tudo correndo dentro da normalidade e com pre�os bons. O d�lar est� ajudando, o pre�o do caf� na bolsa de Nova York se mant�m est�vel. Todos da cadeia est�o ganhando", diz o exportador.
GABRIELA DI BELLA e RICARDO LERMAN fizeram o 1� Programa de Treinamento em Fotojornalismo e V�deo da Folha, patrocinado por Friboi, Odebrecht e Philip Morris Brasil.