O ano de 2024 será o mais quente desde o período pré-industrial (1850-1900), quebrando assim o recorde nefasto anterior, de 2023 .
Segundo o observatório europeu Copernicus, a média das temperaturas globais de janeiro a novembro foi a maior já registrada nesse período —0,72°C acima da média de 1991 a 2020 e 0,14°C a mais em comparação com a do mesmo intervalo de 2023.
O planeta, mais uma vez, envia sinais de que a humanidade não age com a urgência necessária para arrefecer o aquecimento global, responsável pelos eventos extremos que nos assolam.
Considerando os últimos 17 meses, novembro foi o 16º em que a temperatura média superou em 1,5ºC ou mais o nível pré-industrial, com 14,10°C —alta de 1,62ºC.
Esse indicador é alarmante, dado que o Acordo de Paris (2015)estabeleceu que se deve manter a alta da temperatura global em até 1,5°C. Tal limite só será de fato ultrapassado, contudo, se for observado por vários anos. Mesmo assim, aponta para fragilidades no combate ao efeito estufa pela comunidade internacional.
Assim mostram as últimas conferências sobre o clima da ONU.
A COP28, realizada nos Emirados Árabes em 2023, sofreu com forte pressão do lobby das empresas de petróleo e gerou um documento final dúbio, ao indicar que seria suficiente reduzir emissões de carbono por combustíveis fósseis sem abandonar por completo essas matrizes.
Já o acordo firmado em novembro no Arzebaijão, na COP29, destinou US$ 300 bilhões anuais até 2035 para financiamento climático dos países em desenvolvimento pelas nações mais ricas. Tendo em vista que o valor almejado era de US$ 1,3 trilhão, o resultado foi considerado pífio.
A análise do Copernicus mostra ainda anomalias climáticas em todo o globo, com chuvas e estiagens fora da curva.
Com dimensões continentais, o Brasil teve seca inaudita, que produziu incêndios na amazônia, no pantanal e em São Paulo, e precipitações que causaram enchentes trágicas no Rio Grande do Sul.
Enquanto isso, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial, a concentração de CO₂ na atmosfera atingiu média global de 420 partes por milhão (ppm) em 2023 —alta de 2,3 ppm em relação ao ano anterior e novo recorde histórico. Ademais, foi o 12º ano consecutivo em que esse indicador cresceu acima de 2 ppm.
Sem ação firme e rápida da governança mundial para reduzir emissões, anos mais quentes virão e, com eles, secas e chuvas a castigar populações, principalmente as mais pobres.[
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