O envolvimento entre as gerações no mercado de tecnologia
Recentemente, assisti um filme que me trouxe reflexões poderosas sobre como nos comportamos no mercado de trabalho com, digamos, diferenças. O nome do filme é The Intern (em português: Um Senhor Estagiário) o filme é dirigido por Nancy Meyers e conta com uma excelente atuação de Robert de Niro e Anne Hathaway, recomendo que todos que estejam lendo este artigo assistam a película, vale a pena.
O filme conta a história de Ben, um executivo aposentado, viúvo e entediado com a vida que esta levando. Ele descobre um programa de estágio voltado para a terceira idade e começa a trabalhar em uma startup online fundada por Jules, uma jovem mulher com enorme potencial e sobrecarregada com as questões da vida. A história vai se desenrolando e podemos observar que o filme aborda questões muito importantes sobre o mercado de trabalho, como por exemplo, a importância da empatia e convivência entre gerações distintas no dia a dia. Esta é a principal causa de eu escrever este artigo. Como nós lidamos com as diferentes gerações de pessoas dentro das empresas/equipes?
O mercado de tecnologia é muito dinâmico, existem muitas pessoas se interessando e se especializando para começar a executar suas profissões nos inúmeros nichos que a tecnologia nos proporciona. A área cresce exponencialmente e o mercado está aquecido, as empresas buscam incansavelmente profissionais no mercado. Para todos os que se dedicam e se capacitam, existem vagas.
Um estudo feito pelo Observatório Softer Softer, com apoio da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), mostra que o setor de tecnologia da informação ignorou a crise econômica dos últimos anos no Brasil, crescendo acima do PIB. https://computerworld.com.br/2019/06/07/setor-de-ti-ignora-crise-e-cresce-acima-do-pib-no-brasil-segundo-pesquisa/
Considerando o mercado de trabalho, o objetivo do artigo é conseguir responder algumas perguntas que servem como base para a reflexão acima proposta. Para tanto, realizei uma rápida pesquisa para a qual colaboraram 57 pessoas que estão ativas no mercado. Segue as informações colhidas e considerações:
Senioridade dos Participantes
Temos uma quantidade bem equilibrada de senioridade, o que foi ótimo para me dar base para a construção do artigo. Pessoas com senioridades diferentes geralmente tem pensamentos e ações diferentes no dia a dia por conta de sua experiência profissional.
Faixa Etária dos Participantes
Notem que aqui temos uma diferença considerável entre as faixas etárias, temos apenas 3 pessoas que estão acima dos 40 anos. O que isso significa? O mercado de tecnologia é jovem, e isso é um fato. Vejam as comprovações: Os funcionários do Facebook tem em média 28 anos, na Microssoft e Intel não é muito diferente, a média etária dos colaboradores está em 33 anos e 34 anos respectivamente. A IBM e Oracle conta com colaboradores com idade média de 39 anos. Ou seja, a idade dos participantes da pesquisa apenas reforça a estatística.
Qual é a idade ideal (mental) de um ser humano?
Esta questão é muito interessante, o objetivo da pergunta era entender o que as pessoas participantes consideravam como a idade ideal da mente de um ser humano. Não é uma pergunta fácil, muitos fatores devem ser considerados.
Os que participaram da pesquisa, em sua maioria, acreditam fielmente que o ser humano está em sua melhor fase mental entre 30 e 40 anos.
O nosso ideal mental é muito relacionado com a nossa felicidade, e isso compreende as nossas conquistas em âmbito pessoal ou profissional. Diversos estudos comprovam que seguimos um gráfico "u" de felicidade, veja:
Analisando o gráfico, podemos perceber duas coisas, a primeira é que o começamos e terminamos nossas vidas com níveis consideráveis de felicidade. No inicio da vida as preocupações devem ser poucas, a criança que se desenvolve em um ambiente saudável, tem índices altos de felicidade. No final da vida, as preocupações que nos perturbaram na "média" idade já não são tão complexas assim, afinal, a experiência gera sabedoria, e a sabedoria é um principio de felicidade, é saber lidar com os problemas com leveza e desfrutar o que a vida pode proporcionar. A segunda questão que podemos compreender analisando o gráfico é que entre 41 e 51 anos vivemos um caos interno. A famosa crise da meia idade ou fase do lobo, como quiser chamar. Nesta fase começamos a repensar as nossas vidas, as nossas escolhas. Existem vários fatores que podem desencadear esta crise, tais como, morte de entes queridos, envelhecimento, estresse, alterações hormonais, término de casamento, depressão e etc. Além disso, algumas pessoas questionam as decisões que já foram tomadas e o propósito da vida.
Vale ressaltar, que não podemos generalizar esta questão e colocar todos dentro da mesma crise, existem pessoas que passam por este período com tranquilidade, aprendem que esta é uma fase como todas as outras, tem inicio, meio e fim.
Perceba que as pessoas que responderam a pesquisa, em sua maioria disseram que acreditam que a melhor fase mental das nossas vidas está entre 30 e 40 anos, ou seja, a fase boa termina antes de uma possível crise começar. Acredito que as pessoas saibam, consciente ou inconsciente, que após os 40 anos uma crise existencial pode vir a ser uma realidade, há questões a serem resolvidas que irão tomar tempo e energia, é um processo custoso e as pessoas sabem que, obviamente, isso afetara na vida profissional e nas suas tomadas de decisões.
Analisando todo o cenário e os fatos aqui colocados, provoco todos a refletirem sobre a seguinte questão: o que acontece quando a turbulência acaba? Os traumas foram superados, as questões já não são tão complexas, você aprendeu a conviver com coisas que antes não sabia, e agora? Aos que assistiram ao filme que eu mencionei, vocês entenderam onde quero chegar.
A experiência de vida aliada a experiência profissional coloca, na minha visão, o homem em sua melhor capacidade mental, não é necessário correr contra o tempo, uma vez que aprende-se a administrar o tempo. Nesta fase da vida, o homem não age sem pensar, cada vez mais ele pensa para agir. Suas ansiedades não influenciam em suas ações. Na pesquisa que realizei, todos os participantes que são de senioridade junior preferem trabalhar com pessoas de senioridade maior. Os plenos preferem trabalhar com outros plenos e com seniors, e os seniors são os únicos que demonstraram interesse em trabalhar com juniors. É o ciclo natural, o junior ainda não tem conhecimento necessário para se virar sozinho, isso faz com que ele busque perfis mais experientes, e o senior por sua vez sabe que pode ajudar os menos experientes porque ele já passou pelo mesmo caminho e isso é prazeroso pra ele.
Entendo que uma equipe/empresa performática deve contar com profissionais juniors, plenos e seniors. Mas não apenas isso, precisa de pessoas com 20 anos, precisa de pessoas com 40 anos e também precisa de pessoas com 60 anos. Encerrando meu texto, deixo mais uma informação. Para você que não contrata ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE por conta de idade, que não da credibilidade ao colaborador porque ele tem cabelos brancos e acredita que com a idade nossa capacidade de tomada de decisão diminui, você esta errado! Veja a citação abaixo.
Não há diferença de idade quando se trata da capacidade de tomar decisões e de adquirir e processar informações estrategicamente. Entre os mais velhos, inclusive, foi identificada uma habilidade maior de tomar decisões com consciência das consequências. Segundo os dados, as pessoas com mais idade são mais cautelosas e organizadas na hora de analisar todos os fatores em risco. https://valor.globo.com/carreira/recursos-humanos/noticia/2013/02/22/estudo-comprova-que-idade-nao-piora-capacidade-de-tomar-decisoes.ghtml
A mescla de idades, experiência profissional e experiência de vida faz com que nós vivamos em um ambiente completamente rico em informação e cultura. Devemos aproveitar o máximo de todos, entendendo sempre que o mais velho aprende com o mais novo, e o mais novo aprende com o mais velho, sendo inteligentes, nós aprendemos com todos e crescemos com todos. Valorize as pessoas, valorize cada uma delas, todas são importantes.
No filme mencionado, também é abordado uma questão de extrema relevância, a liderança feminina e a desconfiança que é gerada (sério, ainda existe isso?) em saber se são capazes de dar conta do profissional e questões pessoais. Este tema é tão importante, que eu pretendo fazer um artigo específico pra isso. Aguardem.
Web Developer
4yCurti muito seu artigo e também o filme Lucas. Parabéns!
Especialista em Gestão de Times e Projetos de Desenvolvimento de Software
4yParabéns Lucas.
Diretor | Especialista em Marketplaces | SAC | Entusiasta por I.A., Inovação, Growth e Liderar Pessoas
4yMuito bom Lucas seu artigo. Parabéns!