Você sabe o que é hidrogênio verde?

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Hidrogênio verde é um combustível com alto potencial de uso na geração de energia. No sentido da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente, “hidrogênio verde" é um termo utilizado para se referir ao hidrogênio obtido a partir de fontes renováveis, em um processo no qual não haja a emissão de carbono.

É gerado a partir da Eletrólise, que usa uma corrente elétrica para dividir a água em hidrogênio e oxigênio, em um dispositivo chamado eletrolisador. O resultado é o chamado hidrogênio verde, que é 100% sustentável, mas atualmente mais caro de se produzir do que o hidrogênio tradicional.

Este gigante sustentável poderá substituir os combustíveis não renováveis e mudar a matriz energética de muitos países. Para ser usado para impulsionar motores, o hidrogênio precisa passar por uma célula de combustível. Na célula, o processo é o inverso do que acontece na eletrólise que produz o hidrogênio. ... É assim que este tipo de combustível gera energia sem combustão e produzindo apenas vapor de água.

Saiba um pouco mais sobre o cenário mundial.

Hidrogênio verde, uma corrida em todos os continentes

Estados e grupos industriais dos quatro pontos cardeais estão competindo em anúncios de projetos e de investimentos na corrida pelo hidrogênio verde, embora todos estejam de olho na China.

Visto como o elo que falta para a transição ecológica, este gás, ainda produzido com combustíveis fósseis, contribuiria para reduzir as emissões da indústria e dos transportes pesados e ofereceria um meio para o armazenamento da energia renovável – desde que seja “ecológico”.

Embora ainda seja cara, essa perspectiva é um sonho dourado especialmente na Europa, que perdeu o bonde dos componentes solares e das baterias, praticamente monopolizado pela China. O objetivo é controlar toda cadeia, ou pelo menos parte dela.

Obtido pela eletrólise da água com eletricidade renovável, o hidrogênio “verde” precisa desenvolver tanto a demanda quanto as aplicações, ou as infraestruturas de transporte.

Vários planos nacionais já foram anunciados para relançá-lo, combinando cooperação e estratégias, às vezes diferentes, do hidrogênio 100% verde com o nuclear, ou mesmo o gás.

Os Estados Unidos têm um novo roteiro nesta área. A Alemanha espera investir US$ 9 bilhões de euros (US$ 10,6 bilhões) até 2030; França e Portugal, 7 bilhões de euros cada (ou US$ 8,25 bilhões); Reino Unido, 12 bilhões de libras (ou US$ 16,5 bilhões); e Japão e China, US$ 3 bilhões e US$ 16 bilhões, respectivamente, para deixar sua produção mais ecológica. Os números são da consultoria Accenture.

No total, “estão em projeto 76 gigawatts de capacidade de produção, 40 deles anunciados no ano passado”, afirmou Gero Farruggio, da consultoria Rystad Energy, acrescentando que a Austrália concentra “metade dos principais projetos”.

Domínio asiático?

O norte da Ásia se posicionou: Japão, que tem grandes necessidades e está trabalhando no projeto de navios para transporte de hidrogênio, Coreia do Sul e, principalmente, China.

“Dadas as suas necessidades, (a China) vai com tudo, incluindo hidrogênio, especialmente para a mobilidade”, diz Nicolas Mazzucchi, da Fundação para Pesquisa Estratégica.

A China desenvolve um modo de produção ligado a reatores nucleares, embora sua produção atual seja procedente do carvão. Atrai atores de todo mundo: fabricantes de células de combustível para veículos (a canadense Ballard, a francesa Symbio) e estações de recarga (Air Liquide), por exemplo.

“Com sua vontade de descarbonizar (sua economia) e sua capacidade de fazer os preços baixarem, a China pode dominar o fornecimento de eletrolisadores, como ocorre com os módulos solares? Parece provável”, diz Gero Farruggio.

Adiante, a Europa está-se preparando.

“Três países se destacam”, afirma diz Charlotte de Lorgeril, da consultoria da Sia Partners, que cita Alemanha, “adiantada em relação aos transportes”; França, “mais avançada na produção”; e Holanda, que tem infraestruturas importantes de gás.

A União Europeia (UE) espera, até 2050, ter seu leque de oferta de energia composto por 12% a 14% de hidrogênio, contra atuais 2%. Para isso, estimula a cooperação.

O que não impede a Alemanha de se tornar o “primeiro fornecedor” do mundo, afirma seu ministro da Economia, Peter Altmaier.

Menos otimista, Nicolas Mazzucchi teme que a UE compense sua “falta de estratégia energética global”, transformando o hidrogênio na panaceia do momento.

No setor industrial, os produtores tentam se impor comprando, principalmente start-ups, ou consórcios. É o caso da Total e da Engie, parceiros para desenvolver a maior planta, na França, de produção de hidrogênio verde.

Se essa euforia persistir e se concretizar, o hidrogênio pode contribuir para subverter o mapa mundial de energia. Acordos e interdependências já estão sendo criados nesse sentido.

O potencial do hidrogênio verde no Brasil

Na série Retomada Verde, do Jornal Estadão de São Paulo, o mesmo destacou o potencial que o Brasil tem na produção do chamado hidrogênio verde, por conta de sua matriz energética (ainda) majoritariamente limpa. Além da demanda potencial por esse combustível na Europa, uma vitória de Joe Biden nos EUA pode colocar o país na corrida pelo hidrogênio, o que poderia ser uma oportunidade para o Brasil se posicionar como grande produtor global.

Neste cenário, o destaque é o Nordeste, com a geração eólica e solar fotovoltaica combinada à rota de saída para Europa.

Aqui no Brasil, o hidrogênio promete ser uma opção bem-vinda para boa parte da frota automotiva, especialmente ônibus e caminhões, que hoje depende do diesel.

De acordo com especialistas, “uma via agressiva” de implantação de sistemas de eletrólise – segundo maior componente de custo – pode tornar o hidrogênio verde mais barato do que qualquer alternativa de baixo carbono – a menos de US$ 1/kg –, antes de 2040. “Se o rápido aumento de escala ocorrer na próxima década, o hidrogênio verde deverá começar a se tornar competitivo com o hidrogênio azul até 2030 em uma ampla gama de países – por exemplo, aqueles com preços de eletricidade de US$ 30/MWh”, diz o documento.

Em linhas gerais, o hidrogênio verde tende a desempenhar um papel cada vez mais relevante na matriz energética global e brasileira.

 Quem regulará o hidrogênio verde no Brasil?

om a publicação da Resolução nº 6/2021 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no dia 17 de maio, retoma-se a pergunta: afinal, quem terá competência regulatória sobre o hidrogênio verde?

No documento, o CNPE determina ao Ministério de Minas e Energia (MME), que, em colaboração com os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC) e Desenvolvimento Regional (MDR) e apoio técnico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresente, no prazo de até 60 dias, proposta de diretrizes para o Programa Nacional de Hidrogênio.

Apesar da ausência de previsão sobre um órgão com competência para regulamentar a produção de hidrogênio verde, o CNPE possui competência geral estabelecida na Lei nº 9.478/97 em matéria de energia, bem como o MME, na forma da Lei nº 3.782/1960. Por isso, em breve, com a regulamentação pelo MME das diretrizes que guiarão o mercado brasileiro para “alcançar níveis de competitividade que abram caminho para o uso em grande escala”, talvez surjam algumas respostas sobre, afinal, quem regulará o hidrogênio verde.

 Coalização Multinacional.

Em dezembro, sete das maiores empresas do mundo focadas na produção de hidrogênio a partir de energia renovável formaram uma aliança para tentar reduzir o custo da tecnologia.

A colaboração, chamada Green Hydrogen Catapult, quer viabilizar a construção de 25 gigawatts de capacidade de hidrogênio verde até 2026, reduzindo o custo do combustível para U$2/kg ao longo do período.

Os fundadores da iniciativa são a ACWA Power International na Arábia Saudita, CWP Renewables, Envision Energy, Iberdrola, Orsted, Snam e Yara International.

A coalizão faz parte da Campanha Corrida para Zero da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Quem ai aposta nesta nova matriz energética?

Fontes: Brasil Energia (editorabrasilenergia.com.br); Clima Info (climainfo.org.br); Estadão (economia.estadao.com.br); EPBR (epbr.com.br).; EPBF por Clarissa Leão.

Escrito por: Erick Hoenen e Fernanda Pincinatto

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