Já pensou em ser um investidor-anjo?
Você com certeza já ouviu falar de startups. Nos últimos anos, esse termo se tornou cada vez mais popular, com o surgimento dos primeiros unicórnios (startups com valuation de mais de 1 bilhão de dólares) brasileiros como 99 e Nubank, dentre outros. São milhares de notícias diárias a respeito de startups e do ecossistema em torno disso – fundo de investimento, aceleradoras e investidores-anjo.
Você também já deve saber o que é investimento-anjo. Essa modalidade de investimento que surgiu no início do século 20 na Broadway, com o financiamento de musicais, tem como característica ser um investimento de risco, feito no início da vida da startup, e com aporte não só financeiro, mas também de conhecimento e networking.
O que você talvez não saiba é o quanto ele é importante para o ecossistema de startups, e que existe um grupo de investidores-anjo dentro da FGV. Mais do que isso, que você pode se tornar um investidor-anjo e participar ativamente desse mundo. Mas lendo este artigo você vai saber.
A importância do investimento-anjo
O investimento-anjo é considerado um dos primeiros estágios de investimento em startups. Antes dele existem apenas as incubadoras e aceleradoras, que ajudam a startup a validar seu negócio e garantir que o produto atenda a um mercado (product-market fit) e/ou o próprio investimento dos fundadores da startup. Ele normalmente é feito após a etapa de validação da dor, mas antes do estabelecimento do negócio e, portanto, da confirmação de todo o potencial do negócio – o risco, portanto, é alto.
Dados da Kauffman Foundation mostram que um retorno médio esperado para esse tipo de investimento é de 2.5x o investimento, mas com riscos de mais de 50%. Por isso a diversificação é necessária – estimam-se entre 8 e 10 investimentos para que um tenha, em 5 anos, um retorno de mais de 10x e pague o restante. Normalmente a forma de retorno é por meio da venda da empresa a outro investidor ou a outra empresa (um exit, como chamamos).
Essa modalidade de investimento, que acaba sendo bem menos falada que o Venture Capital, é crítica para o sucesso das startups, pois é ela que permite que empreendedores possam levar suas ideias adiante, com apoio altamente qualificado de mentores/investidores que entendem de aspectos que podem ser decisivos para o futuro da startup – o chamado smart money. Esses investidores contribuem ativamente na rotina da startup, contribuindo em áreas como finanças, operações, marketing, gestão e tecnologia, evitando que o empreendedor cometa erros que comprometam o futuro do negócio e ajudando a acelerar o crescimento.
Um estudo de pesquisadores de Harvard e do MIT de 2010 mostrou que a existência de investidores-anjo aumenta em até 50% as chances de uma startup sobreviver por mais de 5 anos, conseguir uma nova rodada de capital e crescer com mais velocidade, ganhando mercado e força para se tornar realmente relevante em seu universo de negócios. Estima-se que mais de 67000 startups recebam investimento de anjos todo ano nos EUA – gerando mais de 275000 empregos.
O investimento-anjo, portanto, permite que milhares de startups sobrevivam e possam chegar até o próximo estágio, no qual poderão ganhar mercado e crescer o suficiente para serem vendidas ou receber um novo aporte, agora de um VC, para crescer ainda mais – e quem sabe se tornarem os unicórnios que vemos nas notícias.
O GVAngels
O GVAngels – Grupo de Investidores-Anjo formados pela FGV, surgiu em 2017 a partir da iniciativa de quatro ex-alunos que tinham em comum o interesse em fomentar o ecossistema. Mike Ajnsztajn, fundador da Ace e idealizador do grupo, percebeu que não havia no Brasil número suficiente de anjos para permitir a sobrevivência de startups. Viu ainda que nenhuma escola de negócios do país tinha um grupo de investimentos, algo que era comum nos Estados Unidos (o Harvard Angels, por exemplo, surgiu em 2007).
Com isso em mente procurou outros ex-alunos e compartilhou a ideia. Rafael Belmonte, fundador da Netshow.me e diretor da ABStartups (Associação Brasileira de Startups), Sergio Adler, CEO da Wursburg e investidor-anjo, e eu, que tive a sorte de me tornar duas vezes sócia de um empreendedor Endeavor – uma delas fundando o Birdie.ai (startup que ajuda os consumidores a escolher produtos e consumir de forma mais inteligente) - e com isso ver o impacto que mentorias e suporte podem trazer a um negócio, logo topamos e o grupo foi formado.
Nossa ideia: juntar ex-alunos, com experiência em grandes empresas, fundos de investimento ou em suas próprias startups, com interesse em investir e contribuir ativamente com startups que precisassem de investimento e mentoria, e apresentar a eles startups em qualquer setor, com um produto já existente, fundadores fora da curva e alto potencial de crescimento, para que juntos os investidores avaliassem e decidissem em quais investir.
Mais do que isso, queríamos fazer isso de forma pouco burocrática, fugindo dos processos de seleção e avaliação (due diligence) longos e complexos, nos quais são necessários vários meses de análise de planilhas, documentos e reuniões até que um investimento seja decidido. Isso porque sabemos o quanto de tempo o processo de captação toma de uma startup, tirando o empreendedor do foco de fazer seu negócio crescer.
Algumas reuniões depois, em abril de 2017, o grupo, que foi o primeiro grupo de investidores-anjo de uma universidade brasileira, foi lançado oficialmente – mais de 200 ex-alunos se interessaram e cerca de 30 aderiram imediatamente. Em pouco mais de um ano, apenas com o boca-a-boca entre os membros, já nos tornamos quase 100 membros ativos que participam de encontros mensais nos quais 5 startups selecionadas se apresentam para serem levadas ou não para uma etapa de due diligence – processo que leva cerca de 45 dias. Garantimos assim que, menos de 3 meses depois de se candidatar a um investimento-anjo pelo GVAngels, o empreendedor já possa ter o cheque na mão e um membro do GVAngels no board.
Desde abril de 2017 já passaram pelo GVAngels mais de 600 startups, sendo que até agora sete foram investidas, totalizando mais de R$2 milhões de reais investidos pelo grupo. Outras duas estão em processo de finalização do investimento, e até o final de 2018 a previsão é que mais dois investimentos se concretizem, dobrando o valor investido.
INVESTIMENTOS GVANGELS
- Almoço Grátis - Solução online para coleta de feedback de clientes (cliente oculto) por estabelecimentos do varejo.
- Espresso - Plataforma B2B para lançamento e controle de despesas corporativas que permite a gestão, auditoria, aprovação e criação de reembolsos e adiantamentos.
- Estoks - Solução B2B2C de re-processamento, liquidação e reciclagem de eletrônicos, que reduz em até 65% os custos em logística reversa para as indústrias e revende os produtos a preços populares para as classes C e D.
- Instaviagem - Agência online de viagens especializada em viagens surpresa e temáticas que planeja e organiza todo o roteiro da viagem a partir do perfil do cliente.
- MeuEntrevistador - Plataforma online de videos para treinamento de universitários que buscam o primeiro emprego, com dicas e simulações de entrevistas com grandes executivos do mercado.
- Standout - Solução B2B para publicação de vitrines de produtos da indústria em grandes e-commerces, aumentando a conversão em vendas e gerando relatórios de comportamento do usuário.
- Upik - Solução B2B2C que entrega projetos de decoração e arquitetura em até 2h para o consumidor utilizando produtos de grandes Home Centers.
As vantagens de participar de nosso grupo de investimento são: acesso a uma lista de startups (deal flow) já selecionado pelo comitê de seleção da GVAngels, redução do risco do investimento (uma vez que o grupo debate a qualidade das startups e sempre há membros daquela indústria que trazem uma visão importante sobre o negócio) e possibilidade de realizar investimentos mais relevantes – assinar um cheque maior, como dizemos, o que permite maior voz nas decisões.
Além disso, é uma ótima oportunidade de relacionamento com outros ex-alunos e outros executivos do ecossistema. Para isso, além dos fóruns bimestrais de investimento o GVAngels organiza mesas-redondas de discussão com grandes VCs do mercado. Neles os membros têm a oportunidade de ouvir de um investidor de sucesso dicas, expectativas e números sobre o mercado. Já passaram pelo papo nomes como Edson Rigonatti (Astella), Carlos Pessôa Filho (InvestTech) e João Kepler (Bossa Nova).
Como ser um investidor-anjo
Para ser um investidor-anjo pelo GVAngels, basta você ser um ex-aluno da escolar, ter interesse em participar do ecossistema, tempo disponível para participar dos encontros mensais do grupo (em São Paulo) e capacidade de investir pelo menos 50 mil reais ao longo de 12 meses – o equivalente a dois investimentos, já que o cheque mínimo que sugerimos é de 25 mil reais.
Recomendamos, ainda, que você consiga dedicar algumas horas mensais a acompanhar as discussões no grupo sobre o ecossistema, mais algumas horas para acompanhar e contribuir com suas startups investidas, e que o investimento-anjo seja no máximo 10% do seu investimento total.
Para saber mais sobre o grupo entre em nosso site ou entre em contato com a gente pelo [email protected].
Artigo publicado originalmente na revista da GV Novos Negócios, disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rgnn/issue/view/4287
Chief Marketing Officer | Product MVP Expert | Cyber Security Enthusiast | @ GITEX DUBAI in October
2 aPatrícia, thanks for sharing!
Leadership Development Manager at Nubank l Professor l Mentor l Researcher
5 aAlessandro De Franceschi da Cruz