Como lidar com as Fakenews?

Como lidar com as Fakenews?

Fakenews foi a palavra do ano em 2017, ganhou menção em dicionários britânicos e, para ficar num marco, foi protagonista na última campanha presidencial norte-americana (a propósito: não à toa Zuckerberg foi chamado pelo Senado para discutir sobre o Facebook). Agora, se por um lado as notícias falsas não surgiram com as redes sociais, por outro, é impossível não atrelar um assunto ao outro, afinal, a internet deu voz alta a todo e qualquer cidadão e seu alcance potencial é incrível e mesmo incalculável.

Nesse sentido, é evidente que o Estado, com sua responsabilidade de organizar e direcionar nações, tem o dever de lidar com o assunto. Na prática, contudo, o que vemos são os governos tirando proveito do espaço (repito, acredito ser prática histórica e hoje tem maior relevância diante da era tecnológica).

Nessa toada, chegamos aos Projetos de Leis em trâmites no Congresso brasileiro e, ao que tudo indica, passará por discussão nesta semana. Como escrito acima, a meu ver, os governos têm obrigação de tratar o assunto, inclusive porque a cada momento as fakenews têm se tornado cada vez mais "profissional" (especialistas já fazem previsão de que logo mais teremos de lidar até com tecnologia mudando a fala da pessoa, num vídeo, ou seja, o famoso 'ver para crer' estará consumado). Mas por qual caminho seguir: será que a regulamentação propriamente apresentada por políticos seja realmente a melhor forma de tratar a questão de maneira definitiva e coerente? Será que a sociedade brasileira e instituições estão realmente preparadas para definir o assunto? Veja bem: É evidente que todo projeto de lei que visa tratar notícias falsas são mais do que bem-vindas e a discussão acerca do assunto é essencial, porém, a meu ver, por mais bem intencionada que devem conter todas as propostas é o tipo de lei que precisa sim ser tratada com máximo detalhe e abrangência para ir inclusive além de Brasília: colocar sobre a mesa leis, cultura e mesmo análises técnicas importantes. Há questões relacionadas a liberdade das empresas, pessoas, governos, definição de limites (censuras), capacidade da rede social ou governo em apontar o que é falso ou não, a própria discussão entre a verdade absoluta de cada um, enfim.

Nesse sentido, tenho em mente que o Brasil poderia aproveitar o momento para tentar solucionar este e outros problemas cada vez mais crônicos (em meio a tantas crises políticas): tratar sobre procedimentos de compliance e gestões de riscos para a garantia da conformidade e governança dos processos.

Sobre as fakenews em específico: considero, sobretudo, que o ato de mentir é um roubo (corrupção mesmo), no caso, roubar o direito da pessoa em saber a verdade. Em dois exemplos: ela pode trazer prejuízos financeiras e hoje, em tempos de pandemia, uma notícia falsa pode valer até mesmo uma vida, que, no caso, não tem valor. E daí a importância de criar procedimento de gestão de riscos independente, inclusive perante a própria rede social e governo. No caso: em vez de regulamentarmos necessariamente leis capazes de buscar responsabilizar as companhias em si, por que não propor um sistema especializado capaz de tratar as informações de forma geral? Justamente para que possa haver ferramentas capazes de tratar de todas as questões de forma racional, imparcial e eficiente: sistema antifraude inteligente, análises em tempo real, antifraude, combate à fraude e por aí vai. E independente pela imparcialidade, porque, imaginemos, decisões tomadas não necessariamente pelos donos da companhia, numa sala de reunião e por aí vai...

Há, sem dúvidas, capitais financeiros, humanos e tecnológicos capazes de direcionar o mercado para esse sentido, sem necessariamente passar toda regulamentação pelo Estado. E aqui, veja bem, não se trata de desmerecer o Estado, políticos e etc., mas tocar no ponto relacionado a conflito de interesses, propriedade para julgar o que é verdade ou não etc.

Enfim, a proposta para a gestão de riscos independente não seria uma maneira madura, moderna e eficiente de tratar as informações? Afinal, convenhamos, falsas informações se combatem com mais informações, além do que, a divulgação de más ideias é sim importante para que boas ideias prevaleçam, inclusive com grande intensidade e reconhecimento. E no caso, em última instância, para as corrupções identificadas, trabalho de investigação, igualmente independente.

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