O episódio sobre a invenção de que 70% do abastecimento de alimentos no Brasil vinha da Agricultura Familiar, um dos assuntos mais comentados do dia, motivou uma nota de explicação no site do Instituto Fome Zero. O irônico é que a nota reforça um dos pontos que, a meu ver, foi o segundo mais grave nas falas do protagonista: o de que, em 2003, não havia dados censitários disponíveis desde 1970. Foram realizados quatro Censos Agropecuários no período, sendo que o último foi em 1995. Trata- se de uma segunda mentira. Estava no vídeo que circulou, e foi reforçada na nota. A nota, em si, tenta desdizer o que foi dito: os números foram inventados. Ainda assim, apesar da enorme gravidade de tudo isso, estou de acordo com o artigo do XICO graziano, publicado ontem no poder 360. O Xico foi duro nas críticas, mas reconheceu a rara atitude de vir a público desmentir e ainda pedir que o pessoal da esquerda “vire o disco”. Antonio Cabrera Mano Filho também já havia se pronunciado na mesma linha do Xico, em suas redes sociais. Sugestão: Melhor do que continuar massacrando o José Graziano da Silva é usar o ocorrido como exemplo. É melhor aceitar o seu reconhecimento sobre essa invenção e direcionar todas as atenções para os inúmeros casos semelhantes de estatísticas, dados e “falsos estudos” que atacam o agronegócio. Em especial, a pecuária, a maior vítima de todas as atividades. Estamos repletos de estatísticas extremamente “criativas” usadas para o mesmo propósito que a informação, ora desmentida: Político ideológico. Trata-se de uma oportunidade de mostrar a importância da seriedade com que informações e estudos devem ser tratados. É também uma oportunidade de mostrar para a sociedade que existe uma oferta enorme de estatísticas fantasiosas sobre o mundo rural. Aproveitar essa oportunidade é mais útil do que elevar o tom das críticas. Serenidade abre portas. E vamos lembrar dos inúmeros, e cansativos, debates travados nos últimos anos. Quantos profissionais sérios foram atacados e até humilhados, publicamente, por apresentarem dados que refutavam a narrativa? O ocorrido nos abre o espaço necessário para mostrar que é essencial respeitar aqueles que questionam os dados e estudos, principalmente aqueles que o fazem de forma técnica, embasando seus questionamentos.
Difícil entender porque tanto regozijo com a suposta invenção de que a agricultura familiar representa 70% do que nós comemos no Brasil. Mas tenho uma ponta de suspeita, o agro "pobre" não está na cadeia do capital, não enche barriga de consultorias, nem dos intermediários do Plano Safra, não desmata, nem mata, não é pop.
Sem considerar nas análises que parte da indústria de proteína, ligada a pequenas propriedades (suínos, aves, ovos, leite). Necessitam dos "insumos" das grandes (Milho e Soja) para ração. O Agro é um só, e, toda manifestação contrária ou é ignorância ou má fé.
E assim seguimos, formulando políticas públicas e queimando dinheiro em cima de diagnósticos enviesados totalmente equivocados... O mesmo vem acontecendo em relação as tais "pastagens degradadas" propaladas por especialistas que jamais viram 100 bois juntos !
Existem muitas narrativas, porém a mais grave é vincular agricultura familiar ao MST. O professor Xico Graziano foi muito assertivo em nomear esses pequenos produtores como "Agronegócio Familiar". Somos um só grupo, de diferentes dimensões e com o único fim garantir a segurança alimentar e a produção dos agroprodutos!
Engenheiro Agronomo- Consultor/Educador/Mentor em Agronegocios e Agronomia
1 dSe descontados as MI TON de produtos exportados, e considerada a produção interna não contabilizada, penso que os números podem estar corretos