O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, anunciou neste domingo uma doação adicional de US$ 60 milhões para o Fundo Amazônia, incrementando a participação norueguesa na iniciativa. Segundo ele, a decisão é resultado da confiança de Oslo no trabalho do Brasil para reduzir o desmatamento no país.
— Brasil e Noruega têm sido parceiros há 70 anos na defesa da floresta — disse o premier, durante evento promovido pelo movimento Global Citizen, na Fundação Getúlio Vargas.
Segundo o primeiro-ministro, "o sucesso do Brasil na redução do desmatamento é uma prova clara das ambições e da determinação do governo Lula", e "mostra como medidas direcionadas podem produzir resultados importantes para o clima e a natureza".
— É crucial para o clima e a natureza global que o Brasil atinja seus objetivos de controle do desmatamento. Por meio de nosso apoio ao Fundo Amazônia, estamos ajudando a proteger um dos ecossistemas mais importantes do planeta — declarou.
Støre retomou o assunto na noite deste domingo, durante uma recepção na residência oficial da cônsul norueguesa no Rio de Janeiro, destacando a "coragem" e "inovação" do Brasil ao se "colocar no caminho certo" para salvar o que ele chamou de "nossos pulmões comuns", referindo-se à floresta amazônica e às florestas tropicais.
— Hoje anunciei que a Noruega colocará mais 60 milhões de dólares no Fundo Amazônia para recompensar esse progresso notável. E o que há de inovador nisso é que esse dinheiro é baseado no desempenho. Portanto, quando temos a direção certa, nós apoiamos. E se a direção certa não estiver lá, não apoiamos — declarou, após citar o governo de Jair Bolsonaro.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também participou do evento privado, e agradeceu pela parceria do Brasil com a Noruega, que, nas suas palavras, "faz diferença não só para os dois países, mas para o mundo inteiro" e para a "proteção da Amazônia".
— [Em 2004, durante o primeiro governo Lula] nós começamos um processo inovador que vem dando muito certo no Brasil, que é o plano de prevenção e controle do desmatamento da Amazônia. E a Noruega foi a primeira a nos ajuda a colocar esse mecanismo de pé — comentou Marina.
A Noruega é um dos principais financiadores do Fundo Amazônia, com o equivalente a mais de R$ 3 bilhões em desembolsos já confirmados — em junho, o país formalizou a doação de US$ 50 milhões ao fundo, que havia sido anunciada no final do ano passado.
O fundo foi criado em 2008, e tem como objetivo financiar ações de combate ao desmatamento na região Amazônica. Ele foi paralisado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e retomado em abril do ano passado. Hoje, seis países (Noruega, EUA, Alemanha, Reino Unido, Suíça e Japão) realizaram ou se comprometeram com doações para iniciativa, além da Petrobras, somando R$ 4.208.851.296,69 em verbas já internalizadas, de acordo com a administração do fundo.
De acordo com a ministra Marina Silva, nos últimos dois anos, o Brasil conseguiu reduzir em 45,7% o desmatamento da Amazônia e evitar o lançamento de 400 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, ajudado pela retomada do Fundo.
— Minhas palavras são de agradecimento pelo pioneirismo [da Noruega], que é acompanhado de uma postura ética, de ajudar a colocar de pé os melhores esforços políticos e técnicos para proteger a Amazônia e o planeta — conclui.