Incidência do greening cresce e doença está em 22% dos pomares de laranja de SP e MG
Os produtores de laranja da região de Matão (SP) reduziram pelo quarto ano consecutivo a contaminação de greening, considerada a pior doença que ataca os citros.
Por outro lado, metade dos pés de laranja da região de Brotas está contaminada com o greening. É a segunda maior contaminação entre todas as regiões do parque citrícola, que engloba municípios de São Paulo e Minas Gerais.
Greening causa diminuição e queda dos frutos de laranja — Foto: Wilson Aiello/EPTV
Os dados são de um levantamento feito nos pomares de laranja pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), entre os meses de maio e agosto. O estudo também apontou que a doença avançou pelo o quarto ano consecutivo e atinge agora 22,37% das plantas (veja gráfico abaixo), o que é equivalente a 43 de pés doentes dentre um total de 194 milhões. A maior incidência já registrada desde que a doença foi identificada no Brasil, em 2004.
O crescimento foi de 7,2% em relação ao ano passado. A doença que não tem cura, causa a diminuição e queda dos frutos, diminuindo a produtividade.
Para o pesquisador Renato Bassanezi, essa porcentagem pode comprometer a competitividade da citricultura paulista e mineira.
“O avanço da doença leva a grandes prejuízos, como aumento da taxa de queda de frutos e diminuição da produção, que acarretam em menor longevidade dos pomares. Além disso, piora a qualidade da fruta e aumenta a dificuldade de controle nos plantios novos, afetando a renovação e ampliação dos pomares, o que fará com que a citricultura migre para outras regiões e estados”, avalia.
Para o o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres , a doença chegou ao patamar crítico.
“O avanço do greening tem potencial de inviabilizar não só pomares comerciais de forma isolada, mas até mesmo regiões inteiras”, afirmou.
Regiões
Incidência de greening por região em 2021 — Foto: Fundecitrus
A região de Matão tem se tornado o bom exemplo no controle da doença. A contaminação vem caindo há quatro anos: em 2017 era de 21,63%, caiu para 18,32% em 2018, e depois para 17,29% em 2019. Chegou a 14,47%, em 2020 e agora atingiu 9,77% neste ano.
Segundo o Fundecitrus, o controle do greening na região é resultado de uma ação coletiva entre os produtores que fazem um controle rígido do inseto que transmite a bactéria que causa a doença e retira as árvores doentes para não servirem de fonte de contaminação para plantas sadias.
Já a região de Brotas segue em um patamar de alta contaminação. A porcentagem de plantas contaminadas apresentou diminuição de 60,46% plantas contaminadas em 2020 para 50,4% e caiu da 1ª posição para a 2ª em contaminação. Mas, para o Fundecitrus, trata-se apenas de uma aparente diminuição da doença causada pela eliminação de plantas doentes e o plantio de novas laranjeiras.
Em um ano - entre os levantamentos de 2020 e 2021 - foram eliminadas cerca de 1,5 milhão de plantas com greening, o equivalente a 17,4% das laranjeiras da região e plantadas 616 mil novas mudas.
Em 2020 a região tinha 8,6 milhões de laranjeiras e, atualmente, tem 7,6 milhões, uma redução de 11,6% no número de pés de laranja.
A taxa de queda de frutos por conta do greening também é alta. Na safra 2020/2021, foi de 13,09%, sendo a região que teve a maior taxa de queda por causa do greening entre todas as 12 regiões do cinturão citrícola.