Após meses de estiagem, as primeiras chuvas registradas em outubro provocaram a mortandade de peixes em diferentes cidades da bacia do Rio das Velhas. Moradores ribeirinhos de Sabará, Baldim, Jequitibá e Santana de Pirapama, na região do Médio Velhas, denunciaram o aparecimento de centenas de animais mortos, de diferentes espécies, além de água escura. Segundo pesquisadores da Bacia do Rio das Velhas, a mortandade está diretamente associada ao retorno das chuvas, depois de quase 6 meses de seca. A explicação é o acumulo de poluição no solo durante a estiagem, mas que foi carreada para o rio de uma só vez, como afirmou o biólogo e pesquisador do NuVelhas – Projeto Manuelzão, Carlos Bernardo Mascarenhas. "Isso é uma concentração na bacia de drenagem de tudo aquilo que a população gera. Então, nós temos lixo, na área rural agrotóxico, nós temos as minerações, esgoto, às vezes. Ou seja, várias fontes de coisas poluentes que elas vão se acumulando na bacia de drenagem e que na primeira chuva ela é lavada. Acontece é quele vai de uma vez só, você jogar um volume muito grande, no rio seco, com pouco poder de diluição, e ele vai alterar drasticamente os parâmetros da água", explicou. 2 de 2 Moradores ribeirinhos denunciaram a mortandade de centenas de peixes — Foto: Divulgação / Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas Moradores ribeirinhos denunciaram a mortandade de centenas de peixes — Foto: Divulgação / Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas Ainda conforme o especialista, a situação de mortandade de peixes observada nos últimos dias já ocorreu em anos anteriores, mas vinha em ritmo de diminuição. O biólogo Carlos Mascarenhas ressalta que os impactos das queimadas também contribuíram para o fenômeno. "As queimadas foram muito intensas, muito espalhadas no território todo e, então, o que que acontece, aquele volume de cinzas também é um consumidor de oxigênio na água quando ela cai dentro da água. O carbono que cai ali, ele vai ser usado pelas bactérias, por outros micro-organismos e que respiram dentro da água, e faz com que a água perca mais ainda o oxigênio dissolvido, que é o necessário para os peixes sobreviverem", disse. A tendência, segundo o biólogo, é de diminuição da mortandade de peixes com a chegada do período chuvoso e o aumento gradativo da vazão do Rio, além da capacidade de diluição de poluentes no Velhas. Após o problema registrado, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas informou que monitora a situação. A entidade destaca que a bacia conta com 51 municípios e mais de 800km de calha de rio que recebe contribuição de poluentes dos centros urbanos e das áreas rurais da bacia. Dessa forma, o Comitê reforça que é necessário avançar no tratamento dos esgotos e em formas de contenção da poluição difusa, que resultam em águas de melhor qualidade e a volta e permanência dos peixes ao longo da bacia. Mais recente Próxima Queimadas: 'Tivemos de tirar profissionais da base pelo excesso de trabalho', conta brigadista