“Para a implantação do Projeto Potássio Autazes será necessário o investimento de US$ 2,5 bilhões…”
Adriano Espeschit é presidente da Potássio do Brasil e CEO da Nhandu Parkent Mineração e J.Mendo Consultoria Empresarial. Espeschit é presidente da Brasil Mining Site, formado em engenharia de mineração pela Universidade Federal de Minas Gerais.
A Potássio do Brasil é uma empresa de fertilizantes que busca atuar na extração de sais de potássio, no subsolo do Amazonas.
AgriBrasilis – É possível realizar uma mineração sustentável em Autazes?
Adriano Espeschit – Sim. A Potássio do Brasil é uma empresa que vai atuar na extração de sais de potássio no subsolo do Amazonas, produzindo o “potássio verde” para uso como fertilizante. Esse será um produto com 80% menos pegada de carbono, se comparado com projetos do Canadá e da Rússia, por exemplo. O principal motivo disso é que a matriz energética brasileira é 84% renovável.
Nós acreditamos no desenvolvimento sustentável da região através de parcerias com a comunidade, agentes públicos e organizações não-governamentais. Por isso, seguimos rígidas condutas de ESG em todos os nossos processos.
Toda a operação de extração será realizada utilizando o método de câmaras e pilares longos, com baixo impacto na superfície, dentro de um projeto de mineração subterrânea a 800 metros de profundidade. O potássio será retirado do subsolo por meio de máquinas de alta tecnologia, operadas de forma remota. Com o minério, conhecido como silvinita, trazido para superfície, o Cloreto de Potássio (fertilizante) é separado do Cloreto de Sódio (sal de cozinha).
O fertilizante de Potássio será distribuído para o país por meio do transporte em barcaças utilizando uma rota que já existe, o que não aumentará a emissão de carbono com a criação de uma nova rota. Iremos ajudar a reduzir o transporte de distâncias superiores a 10.000 km quando importado do Canadá ou da Rússia, por exemplo. Já o Cloreto de Sódio será devolvido à mina no subsolo nos espaços vazios criados nas câmaras.
AgriBrasilis – Por que o potássio de Autazes é considerado um “mineral estratégico” para o Brasil?
Adriano Espeschit – Com certeza o potássio é um mineral estratégico para o país e para o mundo no que diz respeito à segurança alimentar e a eliminação da fome no planeta.
De acordo com relatório das Nações Unidas, cerca de 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020. Portanto, é essencial a busca de alternativas que combatam a fome. Em paralelo, sabemos que a produção agrícola no país depende 85% de fertilizantes importados. E, no caso do potássio, mineral crucial para fertilizar as culturas agrícolas, a dependência do insumo importado chega a 98%.
AgriBrasilis – Quanto será investido nesse projeto? Qual é a produção estimada?
Adriano Espeschit – Até o momento já foram investidos US$ 230 milhões. Para a implantação do Projeto Potássio Autazes será necessário o investimento de US$ 2,5 bilhões. A capacidade de produção do projeto está estimada em 2,2 milhões de toneladas de Cloreto de Potássio por ano.
AgriBrasilis – Qual é a situação da exploração de potássio na região? Existe consenso entre as aldeias indígenas que habitam as proximidades do empreendimento?
Adriano Espeschit – A Potássio do Brasil está aguardando a emissão das Licenças de Instalação para iniciar as obras de construção da mina subterrânea, da planta de beneficiamento, da estrada e do porto, além de outras estruturas de apoio operacional. No dia 25 de setembro de 2023, lideranças indígenas do povo Mura de Autazes, que representam 36 aldeias e cerca de 12 mil indígenas estiveram na sede do governo do Amazonas para entregar ao governador Wilson Lima uma ata e relatório da Assembleia Geral, ocorrida no município, nos quais consta a decisão pela aceitação e implantação do Projeto Potássio Autazes, que contou com o apoio declarado de 90% de indígenas do povo Mura.
AgriBrasilis – Por que foi anulada a licença de exploração de potássio na Amazônia? As exigências relacionadas ao meio ambiente estão dificultando os planos da empresa?
Adriano Espeschit – Não existe anulação de licença de exploração e nem licença de exploração. Como estamos no processo de licenciamento ambiental em curso, existe uma suspensão do procedimento junto ao órgão ambiental estadual, mas não há decisão final sobre a questão.
A Potássio já passou pela fase de licença prévia e já entrou com o pedido de 11 Licenças de Instalação. Após a conclusão das obras, a empresa entrará com o pedido da Licença de Operação, seguindo a legislação brasileira. A Potássio do Brasil cumpre todos os protocolos e questões preconizadas na Lei. As decisões de suspensão do licenciamento ambiental (não existe anulação, apenas suspensão) partem de uma percepção judicial equivocada, tanto que tais decisões já foram duas vezes suspensas pela Justiça Federal em Brasília (TRF1), na segunda instância.
“O Projeto Potássio Autazes exerce um papel primordial para o Brasil e para o mundo, no que tange à segurança alimentar…”
AgriBrasilis – Quanto a demora extra tem custado para a Potássio do Brasil?
Adriano Espeschit – Os custos estão previstos dentro de nosso planejamento. No entanto, o custo maior é para o Brasil: a cada ano que ficamos sem avançar com a produção de potássio própria do país, nós nos tornamos mais dependentes das importações de fertilizantes, o que aumenta o custo do país para produzir alimentos e alimentar a população. O prejuízo maior é de toda a população brasileira, que ironicamente conta com a solução dentro de seu próprio país.
AgriBrasilis – O senhor acredita que será possível levar o projeto adiante?
Adriano Espeschit – Sim. O Projeto Potássio Autazes exerce um papel primordial para o Brasil e para o mundo, no que tange à segurança alimentar e redução da dependência nacional da compra do fertilizante de potássio do exterior. A Potássio do Brasil poderá auxiliar o agronegócio brasileiro trazendo até 20% de fornecimento de cloreto de potássio. Hoje, o Brasil é o segundo maior consumidor de potássio do mundo. Nossa empresa quer diminuir essa dependência, sendo um fornecedor-chave para o agronegócio brasileiro.
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