Argentina consome 70% dos vinhos que produz

“Houve o surgimento de vinícolas em lugares onde era impensável produzir uvas apenas uma década atrás.”

Magdalena Pesce é CEO da Wines of Argentina, graduada em relações internacionais pela Universidade de Congreso e especializada em marketing e gerenciamento vitivinícola.

Pesce foi considerada uma das 50 mulheres mais influentes do mundo do vinho pela Women in Wine & Spirits Award e apontada como “Embaixadora da Marca Argentina” pelo Ministério do Turismo da Argentina.

Magdalena Pesce, CEO da Wines of Argentina


AgriBrasilis – Quais as principais variedades de uvas cultivadas na Argentina e seus respectivos vinhos? Onde se concentra a produção de vinho no país?

Magdalena Pesce – Ao longo dos 3.800 quilômetros de extensão de Norte a Sul, a área de vinhedos na Argentina cobre 214.798 hectares (dados de 2020), dos quais 197.965 correspondem a uma gama de variedades que dão origem a vinhos da mais alta qualidade.

Uvas tintas representam 59% do total produzido no país, sendo a uva Malbec a principal variedade. Depois dela, as mais importantes são Bonarda e Cabernet Sauvignon. O interessante é que a diversidade de terroirs imprime um caráter diferenciado e um perfil próprio em cada expressão do varietal.

O mapa vitivinícola da Argentina é composto em maior parte pela província de Mendoza, que concentra 71% da produção nacional, ou seja, quase 140.000 hectares, e a província de San Juan, com 21%, ou 43.500 hectares. Ainda pode-se citar La Rioja (3%), Salta (2%) e Catamarca (1%). O 1% restante é dividido entre as demais províncias argentinas. E isso é, precisamente, algo que diferencia a área cultivada de 2012, por exemplo, da de 2021. Atualmente a maioria das províncias argentinas tem vinhedos em suas terras.

Houve o surgimento de vinícolas em lugares onde era impensável produzir uvas apenas uma década atrás. Ainda que incipiente, vivemos uma espécie de federalização da viticultura.

A Argentina exporta 30% do vinho que produz, já que os 70% restantes são consumidos em nosso país. No entanto, os principais países compradores do vinho argentino são: Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e Canadá.

AgriBrasilis – O que é “terroir” e como se relaciona com as diferentes regiões da Argentina?

Magdalena Pesce – É a combinação única de fatores naturais que um determinado vinhedo possui, somados à autoria de quem está envolvido em sua produção. Isso acaba gerar um vinho único em cada ocasião e permite-nos estabelecer diferenças entre um vinho de um local e outro.

Da mesma forma que a identificação das variedades de uva nos ajuda a entender as diferenças que existem entre os vinhos, o terroir estabelece uma ligação direta com o estilo geral do que é produzido em determinado local.

Poder apreciar vinhos de estilos semelhantes, da mesma variedade e safra, mas de áreas diferentes, ajuda a entender um pouco mais sobre a diversidade da Argentina.

Atualmente, produz-se vinho em 18 das 23 províncias da Argentina. Essa riqueza permite produzir diferentes estilos de bebida. Os consumidores de vinho têm muitas opções de qualidade para escolher.

As condições agroecológicas que a Argentina possui para produzir seus vinhos tornam irrelevantes os problemas fitossanitários e não impedem seu desenvolvimento e exportação.

AgriBrasilis – Que consequências tiveram as geadas para a safra atual? Quais são as regiões mais afetadas?

Magdalena Pesce – Os danos desses tipos de evento climático geralmente só se tornam visíveis ao longo das semanas, e é por isso que os dados ainda estão sendo coletados nas diferentes regiões. Temos informação de que a produção de vinhos deverá ser adequada para cumprir todos os compromissos comerciais assumidos.

Os desafios são muitos, mas estamos confiantes de que o setor, que se caracteriza por sua grande resiliência, conseguirá superar as dificuldades.

 

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